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Minimalismo em Cartaz

O exercício visual da síntese.

 

O desafio semanal de elaborar cartazes para as sessões do Cineclube Ideário me fizeram ter uma relação de amor e ódio com essa atividade. Nunca fui muito fã da ideia de ler sobre os filmes que não conheço antes de assisti-los. Imaginem a dificuldade de fazer um cartaz sobre um filme que você não conhece! Sempre me deparei com essa situação. Era inevitável aquela consulta na sinopse pesquisada pela internet ou no e-mail incrível que Nataska Conrado tinha todo o cuidado de pesquisar cada informação sobre o filme. Confesso que eu lia a contra-gosto, sem isso seria impossível fazer a conceituação.

 

DENTE CANINO. O nome por si só já inspirava várias ideias. Apesar das tentativas, nunca consegui ser muito pratica na elaboração dos cartazes semanais, o perfeccionismo e instigação com o design sempre falavam mais alto. Estávamos em um momento de busca pela simplicidade para minimizar o trabalho. Doce ilusão! Quem disse que o simples não dá trabalho?

 

Como todo inicio do meu processo de elaboração do cartaz, comecei a pesquisa por imagens do filme. Alguns deles são bem difíceis de encontrar imagens boas, de DENTE CANINO encontrei algumas, mas já estava um pouco cansada de trabalhar em cima da imagem do filme para transformá-la em outra coisa. Também é bem difícil quando o filme já tem um cartaz interessante, sempre gera um certo bloqueio. Nessa procura, encontrei alguns dos cartazes oficiais do filme e um deles me chamou atenção.

 

Nesses momentos, em busca de estímulo, o telefone sempre foi minha saída. Nivaldo Vasconcelos, nosso curador-mor, sempre me atende prontamente para conversarmos sobre os filmes e as construções visuais possíveis. Conversei sobre o cartaz encontrado e como me atrai a simplicidade dos pictogramas. Daí surgiu a proposta do exercício de síntese.

 

Pensar o mínimo não é fácil. Mesmo assim, sempre me encantei pelas possibilidades da estética minimalista. Discutimos muito sobre alguns elementos do filme e a primeira ideia partiu do óbvio:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Da conversa ao telefone surgiram várias ideias. Primeiro a do dente. Era óbvia, mas tinha tudo a ver! [Claro que só descobri isso depois que assisti ao filme] A ilustração foi um pouco sofrida, já que é um artifício que não tenho intimidade. Sempre tive muita vontade de trabalhar com pictogramas, só que o receio de qual seria o resultado disso falava mais alto. Dessa vez resolvi arriscar! E nessa busca pela síntese, tendo com o referência o cartaz encontrado pela web, o segundo teve como proposta um pequeno glossário dos termos utilizados no filme:

 

Mesmo depois de analisar bem os dois cartazes não consegui chegar a um favorito. Acabamos utilizado os dois na divulgação da sessão e, assim, deu-se o início da minha primeira série minimalista!

Compulsão! Acho que foi isso que aconteceu nesse dia. Como já tínhamos definido os filmes das próximas sessões, e aproveitando a empolgação de enfim conseguir elaborar dois cartazes com uma estética que tanto me atraia, acabei revertendo meu dia de trabalho para finalizar outros três cartazes das sessões seguintes.

 

MISS BALA! Nome perfeito para uma concepção visual minimalista. Assim como os cartazes anteriores, fiz uma pesquisa sobre o filme e a paleta de cores, mas a inspiração para a ilustração partiu do próprio nome. Depois de conceber um rascunho, fui em busca de uma fotografia da Miss Bala para desenhar a tiara. Este acabou se tornando meu principal método, a fotografia como base do desenho.

Para ilustrar um pouco desse processo, nada melhor do que a concepção do cartaz do filme SE NADA MAIS DER CERTO. Esse exigiu um pouco mais de raciocínio e uma conversa com Nivaldo sobre os elementos representativos. Na verdade, da primeira conversa ao telefone, ainda sobre DENTE CANINO, surgiram ideias para representações de todos os filmes que já tínhamos agendado. Nessa garimpagem, fui selecionando os mais viáveis, dentro das minhas limitações de ilustração, e as ideias esteticamente mais interessantes.

 

Nessa concepção, cada um dos três personagens principais do filme tinha a sua identidade. Do cabelo curtinho da mulher às características marcantes do rosto dos outros dois personagens, mas o que os une? Dos rascunhos, surgem os três elementos: a identidade, o golpe e o triângulo.

 

 

A partir dos primeiros, os cartazes seguintes foram mais intuitivos. As trocas com pessoas que assistiram aos filmes sempre enriqueceram as propostas através de conversas prévias e/ou consultorias, realizadas depois das sinopses lidas e do primeiro rascunho visual. Todos desta série minimalista são cartazes-dos-filmes-não-vistos por mim.

 

 

 

 

 

Desafiador e instigante! O melhor, ou pior, do processo do cartaz-do-filme-não-visto vem depois do filme assistido. Algumas ideias se tornam descobertas incríveis e outras a gente sempre pensa que podia ser melhor. Às vezes dá vontade de fazer um cartaz pós-sessão, mas tá bom, né… na semana seguinte sempre tem mais!

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